Orquídea 541
30 abr 2021

Orquídea 541

A orquídea, com toda a sua exuberância, é uma perfeita representação da natureza. Além de sua delicadeza e magnetismo, essa flor traz muita história e simbolismo que inspiram as nossas peças, por representar a feminilidade em sua essência: uma combinação harmônica de beleza, delicadeza e vigor.

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A natureza, em todas as suas cores, formas e poesia, sempre foi uma grande fonte de inspiração para as criações de Elaine Palma.

Com contornos únicos e qualidade impecável, o clássico Orquídea 541 foi inspirado pela história desta flor milenar.

Meu primeiro contato, por Elaine Palma

​”Uma das lembranças mais vívidas na minha memória, por volta de 4 ou 5 anos de idade, era quando brincava no corredor lateral de minha casa. Uma casa simples, sem garagem. O portão de entrada, individual, dava acesso ao corredor lateral, onde a porta principal da casa ficava, no fundo do terreno. Na época, o corredor parecia gigante. Nas minhas lembranças eu me vejo correndo por ele e, ao esticar os braços, tocava suavemente a parede lateral de cimento rústico, sem pintura nem acabamento. O muro fazia com que aquele corredor fosse minha fortaleza, onde eu criava e brincava.

Minha mãe, que na época trabalhava fora, se alternava entre cuidar dos filhos e da casa. De vez em quando, ela lavava o quintal e o corredor da casa, que era a minha fortaleza.

O piso era feito de caquinhos de azulejos que me levavam a imaginar como cada pedacinho fora colocado, como as combinações tinham sido feitas, o agrupamento das cores e diferentes formatos de cada peça, como alguém poderia juntar tudo aquilo. Parecia um quadro, uma obra de arte que protegia o chão da minha fortaleza.

Bastava minha mãe preparar a bacia com água e sabão, e ir buscar a vassoura de pelo, que eu já me preparava para meu primeiro parque aquático. Primeiro ela molhava, geralmente com água de reuso do tanque de roupas, depois colocava a vassoura na bacia com o sabão e esfregava o piso em seguida. Como em um passe de mágica, em minutos meu parque aquático se formava diante de meus olhos. A espuma no chão liso era perfeita para escorregar. Eu então corria e mergulhava de barriga no chão e deslizava por horas. Às vezes a muralha da minha fortaleza chegava tão perto. que eu não conseguia desviar. Um pouco de choro, lágrimas, bronca da minha mãe e minutos depois lá estava eu de novo deslizando como se nada tivesse acontecido.

No final do corredor, já próximo do portão de entrada da casa, minha mãe mantinha um pequeno jardim em vasos. Nestes vasos, alguns maiores do que eu, percebi algo que durante muito tempo me chamou atenção. Era algum tipo de palmeira, com o tronco “peludinho” e, no tronco, tinha uma outra planta com cores bem fortes. Sempre que eu escorregava, no final do meu “tobogã” eu me levantava e me deparava com esta planta de cores fortes.

Anos se passaram e tudo isso era uma constante em minha vida, aquela planta sempre estava lá, como um farol, que me indicava o limite da brincadeira. Às vezes eu a imaginava como um guardião, que estava lá me protegendo do ataque feroz do muro, quando eu me aproximava dele. Outras vezes, imaginava como se fosse uma fada, colorida, que vivia dentro da palmeira e vinha brincar comigo sempre que eu estava lá. Eu ficava imaginando o que a fada fazia quando ninguém estivesse olhando, será que ela estaria lá? Daí eu espiava pela janela, ou pela fresta da porta, e lá estava ela, toda majestosa. Depois de um tempo percebi que ela só fazia outras coisas quando ninguém estivesse olhando.

O tempo passou e entendi muitas coisas: o corredor imenso e quase infinito, tem oito metros de comprimento. A muralha, que cercava minha fortaleza, tem 90 centímetros de altura. A obra de arte, que cobria o chão com cores e formas (esta permanece uma obra de arte), é feita com sobras de revestimentos que barateiam o custo da construção. E o farol, guardião e fada, este me acompanha por toda a vida. Quando perguntei para a minha mãe o que era, lembro da sua voz, ainda hoje, respondendo: “É uma Orquídea, filha”.